quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Não, eu não vou suicidar. Mas uma pessoa a cada 40 segundos está fazendo isso.

Hoje será meu suicídio. Ainda não sei bem como vai ser, talvez eu me jogue da ponte para a morte ser radical e rápida, talvez eu corte meus pulsos para sentir a dor por cada segundo, talvez tome vários remédios até desmaiar, ou veneno. E quem sabe opto por um tiro na cabeça mesmo. Sem dor. Sem sofrimento. Sem culpa. Coisa rápida. Eles tiraram a melhor parte de mim, me sugaram, tomaram o que eu tinha de melhor. No início até achei que a culpa fosse toda minha, e talvez seja, eu nunca fui tão boa assim, eu nunca fui aquela que chamava a atenção, nunca fui aquela que os garotos sempre olham e dizem “gostosa”, ou talvez olhem, mas com um olhar de desprezo. Também nunca tive tantos amigos, e a maior atenção que já me deram foi para pedir favores. Ninguém enxerga as minhas qualidades, será que eu tenho alguma? Eles tiraram meus sonhos, minha felicidade, minha vontade de viver… Cheguei a ter a ideia absurda que se eu nascesse de novo, talvez às coisas fossem melhores, mas nem isso. Ando exausta. O medo, a solidão e a dor vêm sendo as minhas melhores amigas, e essa história toda já passou da hora de chegar ao ponto final. Eu sei quem são os culpados de tudo isso. Os culpados são aquelas pessoas da escola que fazem comentários maldosos para se sentirem superiores aos outros. Que pensam que xingando alguém de “gorda” “magrela” “vadia” “gay” “burra”, os tornam melhores. Esses tipos de atitude só ajudam a minha vontade de querer acabar com tudo isso logo. Os culpados também são aqueles valentões da minha rua, aquelas pessoas que tiram o meu dinheiro, que me batem, que fazem eu me sentir um lixo diante de todos. Aquelas pessoas que acham que com uma simples agressão é capaz de fazer alguém mudar de atitude. Aquelas pessoas que acham que tirando meu sangue, vai tirar a minha vontade de ser quem eu sou. Eu não mudei e nem vou mudar. Continuo a mesma e morrerei assim. Os culpados são os meus pais que não me deram atenção, que não repararam nas minhas mudanças de humor, que não repararam que eu estava passando por grandes problemas. Eles sim são culpados. Estavam ocupados demais com seus empregos mesquinhos e tentando fazer pessoas desconhecidas melhores, não é mesmo? E eu? Como fico? Quando vão tentar me fazer melhor? Os culpados são meus educadores por falarem o tempo todo sobre pessoas que tiram suas vidas, e não moverem nenhum dedo para isso. São meus amigos que tentam me fazer mudar de ideia, e depois fazem piadinha a respeito. E eu ri pra não deixá-los sem graça, mas não foi nada engraçado. É a mídia por manipular a todos com a ideia de descobrir quem é que foi o acusado da morte do carinha da novela, e não o acusado da morte de alguém real. Da minha morte. Os culpados são os políticos por estarem ocupados demais com as suas candidaturas, com o poder, o dinheiro e não estarem preocupados que seus filhos, parentes e amigos quem podem estarem acabando com suas vidas nesse exato momento. Mas quem se importa? Os culpados também são as religiões, igrejas, padres que passam para nós que quem tira suas vidas são pecadores, pessoas más, que não tem direito nem de passar ao purgatório. E as pessoas que fizeram eu tirar a minha vida? São o que? Pessoas boas? Pessoas que merecem um lugar no “céu”? Pessoas que merecem ser salvas? Lamentável. Mas os culpados mesmo são aquelas pessoas que acham que a culpada de tudo isso sou eu, e ainda tem a capacidade de me chamar de insana, louca, não merecedora da própria vida. Vão dizer que eu quis isso, que eu merecia isso e que meu lugar seria em algum tipo de manicômio. Só que a culpa não é minha não, e sim de toda essa sociedade hipócrita que estão ocupadas demais para me ajudar.”
Não, eu não vou suicidar. Mas uma pessoa a cada 40 segundos está fazendo isso.Thiara Macedo (sdpm)

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